Esse é o espaço para falar sobre mim, mas preferi colocar o texto, no caso, um pergaminho, que alguém muito especial de Portugal escreveu de mim e sobre mim, espero que gostem, eu AMEI!
Pergaminho da Amizade
Cada ser tem uma história para contar. Cada sopro da vida guarda um
caminho repleto de desígnio e aprendizagem. Em cada caminho que desenha o
destino, muitas são as estradas a escolher, e o solo, nem sempre se
revela firme e direito para bem o percorrer, e, por vezes, encontram-se
encruzilhadas. Estas, por vezes confundem, distraem, alteram o horizonte
previsto, mas, por certo, levam à melhor estrada do destino, até ao
derradeiro fim, numa saudação de “viveram felizes para sempre”.
Este caminho que se mostra insondável, requer exigências para a sua
vivência. Requer força, coragem, humildade, honestidade, sacrifício e
amistosidade. Para isso, a vida precisa de um outro sopro, aquele que
nos mantém acordados enquanto damos os passos que nos definem e escrevem
o nosso caminho para o futuro; aquele que nos segura e protege quando
damos um passo em falso, ou aquele, que celebra e recompensa quando
damos um passo certeiro.
Este sopro chama-se amizade. Não é fundido apenas de um esplendoroso
sentimento interior que nos faz sentir bem, ele é simplesmente, um
elemento essencial para a sustentabilidade e poder da coragem, da
alegria e da perseverança, em todas as conceções da nossa vida.
A palma dada em união consagra a força de um trato que nasce na alma e
é tocada pela adoração que nos sustém firmes e importantes na
existência de alguém. Uma presença que jamais se desvanece esteja onde
estiver, pois a distância, é apenas uma ponte para a saudade e nunca por
ela se perde o valor da amizade.
A amizade é, assim, o ramo da vida que sustém o berço da nossa
existência. Serve de manta que nos abraça e acolhe no destino misterioso
que move o nosso caminho. Aguenta firme debaixo da lágrima de dor e de
sofrimento. Aperta com força o sorriso satisfeito e honesto. Assiste ao
crescimento através dos passos dados da vivência e conforta na nostalgia
os mais vastos pensamentos. Nutre sentimentos fortes na alma de alguém e
nesse alguém acresce, transforma, modifica e completa a sua própria
vida.
A amizade é o melhor companheiro para a longa viagem que é viver, é o
suporte para essa longa caminhada. É simplesmente sorrir sem razão e
por todas as razões, é chorar sentindo a dor do outro e fazer crescer
uma dor em nós, é respeitar mesmo sem aceitar as suas decisões, é
abraçar por apetecer, é estar presente por dever, é brincar por prazer, é
alegrar por compensar.
Tudo isto e muito mais, far-nos-á um bom amigo. Recompensá-lo do seu
esforço e amizade é abrir-lhe as portas à fortuna do coração.
O Fiacha nasceu através dos ramos da amizade que suporta todo um solo
de belas árvores. Em conjunto formam a floresta mais resplandecente.
O membro do que vos falo neste pergaminho, foi presenteado com um
tesouro magnífico oferecido por uma membro muito querida, também do
Fiacha, uma amiga para a qual, não chegam palavras para abraçar tamanha
amizade que lhe sinto, assim como, ao fantástico amigo Corvo Negro. Por
ele, nasceu o excelso continente Fiacha.
Este pergaminho é do passado. Narra um momento especial dos muitos
momentos especiais que aconteceram no caminho deste membro. Sob a magia
do pergaminho, começa a viagem até ao momento recordado.
Na gema de um país verdejante e caloroso existiu, outrora, o grande
livro das histórias. Nele abarcava variadíssimos relatos, de
variadíssimos géneros literários, escritos por variadíssimos
escritores.
Era um livro muito especial, pois nele, eram guardadas todas as histórias então criadas.
Na sua capa grossa, havia gravado uns símbolos, que mais não eram, a profecia do futuro do próprio e magnífico livro.
A profecia, assim, um dia se cumpriu. Aos poucos, tudo começou na
margem das páginas folheadas ao vento. O grande livro desfazia-se em
fragmentos, que voaram sobre a mão da brisa que os ordenava, sem os
deixar destruir em mais mil pedaços. Aos poucos, esses próprios
fragmentos ganharam vida numa metamorfose de asas nascidas, e dela,
formosas e imensas mariposas se formaram ao som da melodia de uma voz em
murmúrio, a voz do conhecimento que se presenteava ao mundo.
As mariposas soltavam-se das páginas do grande livro consumindo a sua
riqueza literária. Ainda espectros, voaram direitos no vento faminto de
erudição, que os espalhou pelas estradas deste mundo. As asas
arrastavam uma fragrância adocicada, que abraçada pela brisa, polinizava
espalhando-se pelo ar como um atractivo ao saber.
Ao longo do voo, afastaram-se umas das outras, levando cada uma
consigo as próprias experiências literárias de que fizeram parte no
grande livro, desempenhando a importante função de portadoras das suas
mensagens.
Uma mariposa em especial, voava alegremente sobre o corpo verde da
terra que a tentava alcançar com os seus longos e rochosos braços
erguidos ao céu. Naquelas terras a brisa era quente e o manto de luz era
um enlaço de agradáveis sensações. A vista periférica era maravilhosa, o
belo horizonte.
Apesar desta pequena e magnífica criatura deter dentro de si um saber
imenso, a verdade é que, conforme a sua figura espectral, ela sentia-se
só e perdida, invisível num espaço imenso de saberes e novidades. Ainda
não teria percebido, à altura, o poder que detinha dentro de si, a
capacidade para tecer um mundo de sonhos harmoniosos e conhecimentos
infinitos através da sua experiência literária e demais vivências.
Então por isso, permanecia tão translúcida, até ver-se devidamente cumprido, o desígnio que a aguardava.
Voou por longos dias e noites cruzando-se com a geração de luas
brilhantes e com o envelhecer do sol que se vestia conforme a vontade.
As nuvens testemunharam o seu voo longínquo por outros horizontes que se
perdiam pelo mar.
Não deslumbrou, a pequena mariposa, que o horizonte desenhava-lhe um
desígnio frutuoso, com a vista de uma bela terra. Terra de história que
corre e enaltece nas veias do homem impulsionando-o a cumprir destinos
honrosos e fortuitos.
Continuou a voar como se permanecesse sobre o mesmo vale do belo
horizonte e foi tomada por uma bruma misteriosa que a rodeou, como se de
uma capa protectora se tratasse. Quando finalmente olhou à sua volta
deparou-se com um lugar lindíssimo e mágico, jamais visto ou contado
sequer nas histórias de que nascera.
A bruma sabia a mistério envolto de sabedoria. As árvores
aligeiravam-se de mansinho na brisa oculta, as folhas pareciam falar
umas com as outras. O solo tocado pelo musgo húmido da manhã, decorava
aquela serra com um tapete de vida e cor. Sobre um rochedo, entre fetos e
líquenes juvenis, um manto laranja puro com traços de um
castanho-bolota, decorava a paisagem.
Aproximou-se e sentiu aquela textura macia e quente, e, nela se
aconchegou e dormitou. O rochedo entretanto moveu-se obrigando a
mariposa a levantar voo urgente antes mesmo de ficar presa debaixo do
estranho manto. Obrigou-se a pousar sobre o focinho do manto que
espirrou. Fascinada pelo manto vivo, a mariposa cumprimentou o que
confirmara ser uma formosa raposa.
Encontrava-se, esta, a dormitar tranquila sob o berço de um rochedo
tocado pelas raízes graúdas de uma árvore, debaixo da enigmática e
mágica bruma da serra de Sintra. Quem não conhecesse aquelas brumas
poderia facilmente cair no abismo das suas miragens. Louco chamar-se-ia
àquele que não valoriza os espessos mantos de mistério, pois a partir
dele se descobrem e se conhecem outros tempos e outros mundos. Naquele
dia em especial, a raposa sentiu-se atingida pela ousadia da bruma que
lhe ofereceu uma imagem diferente, uma mariposa toda ela branca
espectral que pousara sobre a sua cabeça como procurando abrigo.
Espantada, a raposa pediu a graça de tão bela criatura, admirando-se
da sua figura tão semelhante à fada da serra. Mas aquela, não era uma
fada, ainda que, nas suas veias corra semelhante magia. O seu nome
traduzido em várias línguas significa “digna de amor”, “amável”, “digna
de ser amada”, e não menos que isso, soou tão terno o nome Amanda.
Revelou-se a mariposa, contando, em género de segredo, que nascera do
grande livro das histórias. A noite não deixava cair sobre a serra a
profunda escuridão que envolve o resto do mundo, especialmente ali, um
luar tão misterioso quanto aquele lugar, iluminava o espaço, iluminando
igualmente, curiosa e alegre, a história que a mariposa contava à amiga
raposa.
Sem se aperceber, surgiram de todos os cantos da serra outros seres
que se aproximavam para ouvir a história do grande livro das histórias e
como aquele se transformara em mariposas como uma função tão peculiar.
Um pisco assobiou extasiado no ombro da amiga raposa, pirilampos com
os seus corpos luminosos formaram um palco, sobre o qual, a mariposa
narrava, e outros, desenhavam a história enquanto esta era narrada.
Grilos juntaram-se produzindo uma melodia divertida dando sonância ao
relato. Pequenos e reguilas ginetos de Sintra ganharam coragem e
chegaram mais perto para ouvir as palavras da mensageira. Mais
habitantes da serra foram chegando e um vasto grupo de ouvintes se
formou, numa histeria de diversão e curiosidade. No cimo do ramo da
árvore estava um amigo comum, o grande amigo Corvo Negro, deslumbrado
por tal criatura.
Depois da sua história, todos partiram para as suas casas espalhando o
encanto daquela noite ao luar na serra misteriosa. Todos, com excepção
dos amigos raposa e Corvo.
Apesar da alegria que a invadiu, a pequena mariposa, revelou a
tristeza que lhe contornava o olhar. Confessou aos novos amigos a dor
que sentia na sua alma.
- Sou um espectro, sou invisível para o mundo. Como irão os outros
reparar em mim e ouvir as histórias que conheço? Como vou espalhar as
histórias do grande livro? – desabafava triste baixando as suas asas,
tocando-as com as suas pequenas mãos e apertando-as contra si.
A raposa ofereceu-lhe o seu maior bem como amiga, um sorriso. Não foi
um sorriso qualquer, pois nele, envolvia a mais pura magia. Era um
sorriso de conforto, de paz e de genuína amizade. Tocou-lhe na cabecita
com jeito e depois de puxar um pêlo da sua pelagem, enrolou-o e
ofereceu-o à mariposa. Soprando a brisa de Sintra, tocado pela oração da
raposa, aquele fio laranja transformou-se num novelo de linha. Uma
linha tecida pela A que brilha, nome de que era conhecida a sábia raposa
da serra de Sintra. O novelo era envolto de uma aura que fazia dele um
novelo sem igual.
Revelou-lhe, A que brilha:
- Leva este novelo contigo. Quando contares as histórias do grande
livro, com elas tecerás belas tapeçarias literárias. A linha tecerá da
cor dos sentimentos e através deles criarás belos padrões. E não te
preocupes – dizia numa voz terna - o teu corpo espectral irá colorir com
os sentimentos que os outros nutrirem por ti, presenteados pelas tuas
belas tapeçarias. Não receies, os teus amigos adorar-te-ão quer seja a
tua forma e cor, os seres tornam-se especiais pelo padrão do seu
coração, essa é a nossa verdadeira natureza e forma.
Os anteriores ouvintes espreitavam por detrás das árvores trazendo
consigo novos amigos. O novelo de linha envolveu a mariposa com a sua
aura e desvaneceu-se no seu pequeno corpo. Então, sentindo o abraço dos
seus amigos, a mariposa deixou o seu aspecto espectral e o seu corpo
ganhou imediatamente cor, as suas asas resplandeciam num padrão colorido
com formas exuberantes e exóticas e transformou-se na mariposa mais
sublime do belo horizonte.
O Corvo Negro agitou as asas num orgulho cheio e transportou a
mariposa sob as suas enormes asas dando-lhe a conhecer o Fiacha. As
gargalhadas alegres encheram o sítio de felicidade e deu mais vida ao
mundo.
A mariposa jamais voltou a perder o colorido, e com a linha d’A que
brilha, e o abraço de amizade dos seus amigos, tece belas tapeçarias com
as suas experiências literárias onde as expõe na sua harmoniosa casa, a
que, chamou de A menina e o vento.
Para o reencontro dos membros no salão, o Corvo Negro, grande amigo
da mariposa, apenas precisou de deixar a brisa levar o seu chamamento.
De imediato, as asas da mariposa bateram velozes direito ao castelo. E
em pouco tempo se avistava no horizonte do admirável e diversificado
Fiacha. Neste lugar imenso, existe e permanece um lugar marcado para
cada bom amigo do nobre Corvo Negro, e a cada, um abraço saudoso e
agradecido é-lhe esperado na lembrança de tão forte e genuína amizade.
A amizade deve ser rejuvenescida numa histeria diária de lembrança,
para que, a semente seja forte e que a presença se mantenha permanente e
incansável, para se colher os seus frutos mais doces e a sua árvore,
com raízes fortes e seguras, jamais se extinguirá.
Que tal um desafio? Abraça um bom amigo hoje, pois no amanhã, a
árvore da amizade voltará a florir e jamais passarás fome de felicidade.
A todos os amigos…
A Guardiã do Tempo
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